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Visibilidade costeira: Mapeamento de localidades no Distrito do Bailique

Foto do escritor: AGComAGCom

Em etapa de validação pelos moradores locais, mapa com localidades ainda não registradas nos mapas oficiais da região distrital do Bailique é produzido pelo Observatório Popular do Mar.

 

Foto: Mickael Marques/AGCOM.

 

Cerca de seis moradores rodeiam um mapa estendido sobre uma mesa de madeira. Os dedos curiosos passeiam pelo material, enquanto as vozes se embaralham entre perguntas, opiniões e memórias. No banner, está estampado o Distrito do Bailique, região costeira do município de Macapá. Um detalhe é responsável por atrair os olhares e diferenciar o mapa dos outros. Dessa vez, em uma leitura minuciosa, os nomes de 72 localidades estão identificados no material.

 

O encontro ocorreu na comunidade de Igarapé do Meio, no dia 09 de dezembro, e foi conduzido pelo Observatório Popular do Mar (OMARA). O OMARA desenvolveu o mapa e promoveu a mesma reunião em outras quatro comunidades do Bailique.

 

O mapa usou dados de fontes como ACTB, IBGE e IEPA - Nataliel Costa/OMARA.

 

Um dos primeiros passos do Observatório foi refletir o mapeamento adequado da região. O propósito foi identificar os nomes das localidades e projetá-las de acordo com suas posições. Atualmente, este trabalho está na etapa de análise pelos próprios moradores, que atuam de forma ativa na construção desses saberes.

 

Validação das Comunidades

 

Como feedback, Arnaldo Ferreira compartilhou sua visão como alguém que mora no Igarapé do Meio, há mais de 45 anos. "O Bailique é uma região inteira. Tem comunidades escondidas aqui que o governo nunca alcançou, e lá tem gente do mesmo jeito. É importante que haja esse mapeamento. É um privilégio muito grande ser reconhecido", contou ele.


Arnaldo Ferreira é pescador e integrante do Observatório Popular do Mar, Foto: Mickael Marques/AGCOM.

 

Adrielly Furtado, moradora em Freguesia, é a atual diretora da Escola Estadual Benevenuto Soares Rodrigues, espaço que hospedou a equipe durante a reunião. Ao ter contato com o material, ela menciona a importância da pesquisa aliada à educação das novas gerações. "É de grande relevância para as nossas escolas, pois nossos alunos precisam conhecer a realidade local. Às vezes, muitos que moram na própria comunidade não têm acesso a esse conhecimento", disse a diretora.

 

Para além das motivações educacionais, Jeová Alves, morador da comunidade da Macedônia e presidente da Associação de Comunidades do Bailique, também lembra da importância do mapeamento dentro da busca por recursos para a região. "O financiador quer saber a dimensão do público-alvo. É um dado muito importante para políticas públicas", ele comenta.

 

Processo de Construção

 

Esta pesquisa só foi possível por causa da articulação com a Associação de Comunidades Tradicionais do Bailique (ACTB). Em parceria com o Observatório Popular do Mar, a Associação disponibilizou uma lista de localidades já reconhecidas por eles na região. O levantamento é realizado desde 2013 com pesquisas voltadas para os históricos das comunidades e visitas eventuais. A localização desses espaços foi demarcada com pontos de GPS e organizada ao lado dos respectivos nomes de cada localidade.


Morador da região por mais de 40 anos, Jeová Alves lembra dos desafios para montar a lista em uma área cercada por água, e, diretamente, influenciada pelo oceano. "Toda logística do Bailique encarece qualquer projeto. A questão da maré, por exemplo, você tem que ir para ficar, porque você não consegue entrar e sair", ele explica.


Jeová Alves, por meio da ACTB, está relacionado com diversas outras iniciativas como Amazonbai e o Água é Vida - Foto: Mickael Marques/AGCOM.

 

Para que cada uma dessas comunidades, reunidas na lista, pudesse ser projetada no mapa, o OMARA passou a intervir com pesquisas e análises complementares ao trabalho da ACTB. "A gente foi validando essa lista e coletando mais dados disponíveis no IEPA (Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas no Amapá). Usamos o limite do distrito pelo IBGE e a visão da área por meio de imagens de satélites mais atuais", revelou Valdenira dos Santos, idealizadora do Observatório Popular do Mar.

 

Com isso, ilhas, canais e demais informações foram incluídas no mapa. Nataliel Costa, geógrafo e integrante do Observatório, foi responsável por projetar e organizar os dados. Após entregar um modelo em novembro de 2023, o grupo retornou em 2024 com uma versão ampliada e revisada para a etapa atual de validação dentro das comunidades de Igarapé do Meio, Freguesia, Arraiol do Bailique, Macedônia e Limão do Curuá.


Registro da equipe junto de moradores de Arraiol, uma das 5 comunidades visitadas - Mickael Marques/AGCOM.

 

Os moradores sentem-se reconhecidos, garantindo a visibilidade da existência dos seus territórios organizados, no Bailique. Após a validação, vão se enxergar no mapa do município e a população, que vive na região costeira do Amapá, poderá ser representada na geografia do Amapá.

 
 

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