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Foto do escritorIngra Tadaiesky

Gigi, a filhote peixe-boi, precisa de doações para sobreviver

Gigi ganha vaquinha online para a transferência ao Centro de Reabilitação. Como ela, vários filhotes de peixes-boi contam com as redes sociais para apoiar ações de resgate e reabilitação.

Em abril de 2020, no começo da pandemia, moradores da cidade de Almeirim, no Pará, encontraram um filhote de peixe-boi em um lago na região e o resgataram. Gigi, como foi batizada a fêmea, ficou sob os cuidados de voluntários da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e, com a mudança da gestão e a COVID-19, não pôde continuar no local. A peixe-boi foi deslocada para outro órgão público municipal e está sendo cuidada por voluntários bem como pela ex-secretária de meio ambiente em uma piscina improvisada.

“Nós conseguimos juntar dinheiro para uma pequena piscina e para alimentação, mas ela precisa de mais. Então, ela não tem como ficar lá porque não tem nenhum veterinário cuidando dela”, explica Gabriel Melo-Santos, biólogo e pesquisador do grupo de pesquisa em Biologia e Conservação de Mamíferos Aquáticos da Amazônia da Universidade Federal Rural da Amazônia (BioMA/UFRA), Grupo de Pesquisa em Mamíferos Aquáticos Amazônicos (GPMAA) do Instituto Mamirauá, e da Rede de Pesquisa e Conservação de Sirênios no Estuário Amazônico (SEA).


Voluntário com Gigi. Foto: Arquivo pessoal

O centro de reabilitação mais próximo de Gigi é o Zoológico da Universidade da Amazônia (ZooUnama), em Santarém. No entanto, o local se encontra próximo de seu limite e não pode receber Gigi. Neste cenário, uma vaquinha online foi iniciada para arrecadar dinheiro suficiente para transportá-la para a segunda opção, que fica em Manaus.

Gigi na piscina. Foto: Arquivo Pessoal

O aumento do número de filhotes de peixes-boi nesses centros de reabilitação se deve a pelo menos três fatores: o maior acesso a informações e, portanto comunicação, entre comunidades locais e órgãos ambientais, o aumento generalizado de malhadeiras na região amazônica, e o alto custo na etapa de devolução dos filhotes na natureza.

Danielle Lima, bióloga membro do GPMAA e da SEA explica como as redes sociais ajudam no resgate dessas espécies. “A comunicação é muito maior hoje e com as redes sociais nós podemos ter um acesso muito mais rápido a esses animais. As pessoas postam ‘olha, tem um peixe-boi encalhado em tal lugar’. Os encalhes e os emalhes sempre ocorreram, mas a informação não chegava de forma tão eficaz como agora”, relata a bióloga.

O processo de reabilitação de um peixe-boi dura pelo menos 2 anos, que corresponde ao período de amamentação dos filhotes pelas mães na natureza. Após esse período, eles devem ser devolvidos ao ambiente natural para que possam se reintegrar à população natural e procriar. Na prática, isso pouco acontece.

“O custo de soltura envolve uma série de exames de saúde para esse animal estar apto para ser solto. É preciso um cinto de monitoramento com radiotransmissor que dura até 5 anos e isso exige que as pessoas vão a campo diariamente e isso é um gasto em transporte e em profissionais. Então, tudo encarece e isso desestimula a soltura, por não existir verba suficiente para isso”, explica a pesquisadora do Instituto Mamirauá, Miriam Marmontel, também coordenadora do GPMAA e da SEA.

Imagem: Divulgação

Gigi, por ser fêmea, possui grande valor para as populações peixes-boi devido à sua capacidade reprodutora. O peixe-boi é uma espécie considerada ameaçada de extinção em nível mundial. E, no Brasil, há duas espécies: o peixe-boi-amazônico e o peixe-boi-marinho. O primeiro é uma espécie considerada vulnerável no país e a nível mundial; enquanto, o segundo, é considerado ameaçado em um nível mais elevado ainda. “Várias ameaças afetam os animais nos dois ambientes. Aqui na Amazônia, principalmente, ocorre a caça de peixes-boi adultos e há muito emalhe de filhotes em redes de pesca. Dependendo do tipo de rede, o animal adulto consegue rasgar a malha, mas o filhote não, ou ele morre ou ele é resgatado”, explica Miriam.

Os primeiros momentos de resgate são os mais importantes porque é quando os animais estão mais vulneráveis e com a imunidade mais baixa. Para aumentar o sucesso no resgate do animal, existem passos que devem ser feitos. Danielle explica a importância da soltura imediata, mas esta requer que haja maior comprometimento da equipe e/ou de moradores que realizam o procedimento, pois é preciso verificar se o animal não está muito machucado e é preciso ter a certeza de que a mãe permanece por perto.

“Vai ter que estar de barco observando se algum animal vem à tona para respirar; a partir da confirmação da existência de um peixe-boi adulto, coloca-se o animal na água, mas tem que ficar ali por perto para observar se realmente vai ter esse encontro e ver se o filhote vai com a mãe ou não, se não vamos estar soltando o animal à sorte”, explica.


Para ajudar a conservar as espécies de peixes-boi, você pode fazer sua doação para ajudar a salvar Gigi pelo pix (91) 981162346 no nome de Layane Joyce Rosa Maia. Toda a verba arrecadada será destinada para o transporte de Gigi para o centro de reabilitação.


CONTATOS:

@seapeixeboi no Instagram

seapeixeboi@gmail.com


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