Uma única indígena disputa as Eleições 2022 como candidata a deputada estadual.
Simone karipuna candidata ao pleito eleitoral. (foto: Assessoria de Imprensa da Candidata)
As Eleições 2022 evidenciam uma ampliação do processo democrático brasileiro, à medida que crescem as candidaturas de minorias políticas e sociais como mulheres negras, transexuais, lésbicas, quilombolas, indígenas, por exemplo. Não se tratam de bandeiras ou causas, mas vidas e experiências que se apresentam como candidaturas e representam grupos de lutas sociais e políticas. Das ruas, movimentos, manifestações e ocupações surgem importantes nomes com a coragem de enfrentar o mundo da política democrática republicana brasileira, com toda a sua hostilidade e desafio.
A AGCOM apresentou esta semana a série Fala Preta – Filhas de Marielle, conversando com algumas mulheres negras, candidatas a deputadas estadual. Não podemos encerrar a apresentação dessas mulheres e nos preparar para o voto no domingo, dia 3 de outubro, sem mencionar uma minoria muito especial e em destaque nas Eleições 2022, no Amapá.
Simone Karipuna é a única indígena no estado do Amapá candidata a ocupar um lugar de fala na Assembleia Legislativa do Estado e representar a população de 10 mil indígenas, que ocupam o território amapaense, segundo levantamento da Secretaria Extraordinária dos Povos Indígenas . Mulher indígena da aldeia Kunanã, no município de Oiapoque. É ativista na luta dos povos originários desde os 09 anos de idade.
Com uma longa jornada de estudos e de participação no movimento indígena, Simone se formou em Serviço Social e se especializou em Políticas e Interculturalidade, pela Universidade Federal do Amapá (UNIFAP). Também participou da Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Amapá e norte do Pará (APOIANP), da Articulação Nacional das Mulheres Indígenas do Brasil (ANMIGA) e várias outras participações em organizações civis indígenas, entre conselhos e comitês, assim como já esteve à frente da coordenação regional da Funai.
A campanha de Simone Karipuna é fortemente firmada no propósito da floresta em pé para preservação e respeito aos modos de vida dos povos da Amazônia. Assim como uma luta pelo fortalecimento da educação escolar indígena, promoção de uma educação para a interculturalidade, cultura e povos tradicionais, implantação de ações afirmativas nas instituições públicas de ensino superior para o acesso e permanência indígena. Ela pretende ainda garantir ações de valorizações do museu indígena Kuahí, fortalecer agricultura familiar, incentivar a economia verde e ainda ações na área de saúde como criação de uma UBS indígena em Oiapoque e o fortalecimento da saúde indígena no estado. São algumas das propostas políticas da candidata.
Em 2022, são 182 autodeclarações indígenas em disputa. Mesmo com o número crescendo desde as últimas eleições, ainda é um percentual baixíssimo, por volta de 0,62%. O Observatório do Agronegócio do Brasil mapeou as candidaturas, elas estão em todas as esferas de disputa como deputados estaduais, deputado federal, senadores, governadores e até mesmo para a presidência como a vice-presidente.É um importante projeto de Aldear a política, ampliando a participação indígena desde os espaços de deliberação e decisões.
A Agcom espera que as Eleições 2022 possam ampliar a participação da diversidade social e a construção de mais políticas públicas, atendendo interesses dos povos originários, gays, mulheres, negros e negras, quilombolas e transexuais.
Excelente dia de votação a tds!
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