Por Mariana Ferreira e Rafaelli Marques
De acordo com balanço do Inpe, julho a setembro de 2022 apresentaram altos índices de focos de queimadas no estado.
O Amapá é considerado um dos estados mais preservados da Amazônia Legal Brasileira, apesar disso, não está ileso das queimadas e desmatamentos que acometem a região. O ano de 2022 registrou o pior índice de queimadas em 15 anos na Amazônia, conforme apontou os dados do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (INPE).
Os estados do Pará (129.234 focos), Rondônia (43.674 focos) e Amazonas (63.593 focos) foram os que tiveram maiores registros. Embora o Amapá tenha ficado com um número menor de focos de incêndios – 3.679, em relação a outros estados, o Corpo de Bombeiros Militar do Amapá (CBM-AP) emitiu alerta durante o mês de agosto, que teve um aumento de 23% em relação ao mesmo período do ano em 2021.
A principal ação do governo para conter o fogo no Estado, foi a Operação Amapá Verde, coordenada pelo Corpo de Bombeiros com o apoio da Polícia Civil, Polícia Militar, Agência de Defesa e Inspeção Agropecuária do Amapá (Diagro) e o Instituto de Desenvolvimento Rural do Amapá (Rurap).
Causas e consequências da prática
No Amapá, uma das causas para os focos de queimadas está relacionada com as atividades econômicas. “Os principais atores causadores dos focos de incêndio são fazendeiros do agronegócio, grupos pertencentes a bancada ruralista e bancada empresarial, que desmatam e, posteriormente, ateiam fogo para pecuária, sojicultura, silvicultura e extração mineral de caráter latifundiária”, explica o geógrafo e doutor em Geografia Psicológica, Alexandro Franciso Camargo.
Além disso, o clima quente deixa o solo mais seco, possibilitando que os focos de incêndio acima de 47ºC, de origem criminosa ou acidental, se propaguem em um maior grau e ocasionem as queimadas.
“São muitas as consequências dos focos de incêndio para o meio ambiente, como a destruição da biodiversidade, emissão dos gases do efeito estufa causadores da Emergência Climática, aumento na incidência de doenças, diminuição da produtividade, restrição das atividades de lazer e de trabalho, além de efeitos psicológicos e custos econômicos”, ressalta o geógrafo.
Camargo complementa que é necessário mais políticas públicas de prevenção às queimadas e desmatamento, pois é uma prática que afeta diretamente as populações tradicionais.
“A destruição do meio ambiente prejudica, diretamente, a saúde e subsistência de indígenas, ribeirinhos e quilombolas, considerando que há perda de recursos naturais, como fertilidade do solo, qualidade do ar e contaminação de recursos hídricos. Com a paisagem alterada, a identidade desses povos fundamentada no lugar, faz com que eles se tornem menos resilientes", finaliza.
Discussões na COP 27
O governo do Amapá esteve presente na 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-27), realizada em novembro de 2022, no Egito. O evento reuniu líderes de países para tratar sobre mudanças climáticas e outras questões ambientais.
Durante o encontro, não houve nenhuma proposta específica para a questão dos focos de incêndio no Amapá, no entanto, o Estado firmou parcerias e acordos para promover ações que fazem parte do Plano da Nova Economia do Amapá, prevendo um desenvolvimento econômico sustentável e qualidade de vida da população.
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