Apesar de ser usado para carga e descarga, o espaço não está liberado para uso.
Por Cássia Lima
Há 11 anos existe uma paisagem já considerada “normal” na orla da capital de Macapá, o píer do Santa Inês. Quem passa pelo local, sendo turista ou morador local, tem a mesma percepção: o espaço está inacabado. O píer que é formado por dois cais, mesmo sem autorização, é usado para embarque e desembarque de mercadorias e pessoas bem na orla de Macapá.
O píer do Santa Inês, como é conhecido popularmente, teve sua obra iniciada em 2011 e, atualmente, tem 60% da estrutura construída. Alguns espaços possuem fiação elétrica exposta e treliças que oferecem riscos para adultos e crianças. Outros locais tem tapumes e são fechados ao público. Entretanto, a estrutura inacabada é usada para embarque e desembarque de passageiros e cargas.
A construção dos espaços começou no dia 21 de junho de 2011. Na época, a meta de conclusão prevista era para agosto de 2012. O orçamento estava estimado em R$ 8 milhões, porém, em 2013, o valor já havia sido repassado com mais dois aditivos, num valor total de R$ 2 milhões. Logo em seguida, a obra foi paralisada.
Os locais possuem serviços inacabados de concreto, fiação elétrica, cobertura, paisagismo, espaço de bilheterias, parque infantil, restaurantes, passarelas, área destinada a Capitania dos Portos, iluminação e mureta, dentre muitos outros.
Segundo o Corpo de Bombeiros do Amapá, o cais não está liberado para uso por toda a insegurança do local e, claro, a falta de estrutura na finalização da obra. “O cais não tem condições e nem está liberado para uso pelo Corpo de Bombeiros, porém realizamos atividades de orientação preventiva para os comerciantes do local junto com a Capitania dos Portos”, disse o comandante-geral do Corpo de Bombeiros do Amapá, coronel Wagner Coelho.
O primeiro píer, que fica mais próximo da Fortaleza de São José, principal ponto turístico de Macapá, é aberto ao público sem nenhuma restrição. Já possui espaço precário e sem sinalização de estacionamento de veículos e pequenas lojas que comercializam bilhetes de viagens em navios para Belém. Além disso, já tem local determinado para embarque e desembarque de cargas e pessoas, sem nenhuma segurança. Também não há mureta de segurança.
Durante o dia, quando a maré está alta, é possível observar homens fazendo carregamento de alimentos para navios, assim como, o vai e vem de passageiros no píer. “Já trabalho aqui há anos. E sempre faço essa carga e descarga. Ali na ponta tem uns arames soltos e a noite a iluminação é precária. A Marinha sempre fiscaliza os barcos aqui e nunca vi acidentes com esses restos de obra”, disse o carregador Marcos Paulo Santos, de 32 anos.
No segundo píer, localizado bem em frente à Escola Santa Inês, tem um tapume na entrada e um portão de madeira, mas que pode ser aberto por qualquer pessoa. Ao entrar no cais existe um vigia que faz o controle na entrada de cargas e mais restos de obras, além de pequenas e grandes embarcações atracadas ao local.
Os donos das embarcações falaram à reportagem que é mais rápido e fácil atracar no píer que ir para o Porto de Santana, município distante 17km da capital. “Os barcos pequenos começaram a atracar aqui e fizemos o mesmo. Uma pena nunca terminarem as obras, mas ainda temos esperança. Por hora, vamos nos ajeitando assim mesmo”, disse um dono de embarcação que preferiu não revelar sua identidade.
A obra, ou pelo menos o que restou dela, está entre vários projetos que são acompanhados pela Secretaria de Estado da Infraestrutura (Seinf). De acordo com a coordenação de obras da Seinf, o projeto da obra do píer está sendo reformulado para que os serviços sejam retomados.
A pasta informou ainda que as obras foram abandonadas na gestão anterior por falhas na indicação do recurso que não foi aprovado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Além disso, a empresa que executava os serviços declarou falência na época. Com a transição de governos, resta saber como a nova gestão vai tratar a situação da obra.
“É uma pena ver a nossa orla assim. Temos um rio lindo e esses cais poderiam ser um charme assim como as Docas de Belém. Quero muito ver nossa cidade com a orla mais bonita e com atrativos turísticos”, disse a nutricionista Michelle Soares, que caminha regularmente na orla da cidade.
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